terça-feira, dezembro 11, 2007

Poema melancólico a não sei que mulher



Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.

Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...

Miguel Torga

Foto:Erkki Makkonen

"Sacado" à Gi .

7 comentários:

Belzebu disse...

Miguel Torga tem sempre essa capacidade de nos deliciar, com a sua poesia!

Muito bem escolhido este poema, juntamente com esse teu olho clínico para a fotografia!

Aquele abraço infernal!

Fatyly disse...

Faço minhas as palavras de belzebu!

Beijos

lena disse...

Miguel Torga o poeta que gosto de ler


delicia-me


e tu consegues fazer a conjugação perfeita ente a imagem e o poema


beijos muitos


lena

Nilson Barcelli disse...

"Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão..."

Isto é que é saber terminar um poema.
Grande Miguel Torga.
Bela escolha. E a foto também.
Bos semana, beijinhos.

andorinha disse...

Excelente escolha, como sempre.
Belo o poema e bela a foto a complementar.
Beijos

Paula Raposo disse...

Fantástico!! Tão triste e tão bonito...

papagueno disse...

Sempre maravilhoso o meu Torga e mais uma vez excelente foto.
Beijos