Não sei porque diabo escolheste
janeiro para morrer: a terra
está tão fria.
É muito tarde para as lentas
narrativas do coração,
o vento continua
a tarefa das folhas:
cobre o chão de esquecimento.
Eu sei:tu querias durar.
Pelo menos durar tanto como o tronco
da oliveira que teu avô
tinha no quintal.Paciência,
querido,também Mozart morreu.
Só a morte é imortal.
Eugénio de Andrade
Foto:
Yuri Bonder
3 comentários:
Belíssimo!! 'Só a morte é iimortal', sem dúvida.
Poema soturno mas belo!
Beijinhos
tão bonito, só mesmo o eugénio.
beijos
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