terça-feira, dezembro 04, 2007
Cantar
Tão longo caminho
E todas as portas
Tão longo o caminho
Sua sombra errante
Sob o sol a pino
A água de exílio
Por estradas brancas
Quanto Passo andado
País ocupado
Num quarto fechado
As portas se fecham
Fecham-se janelas
Os gestos se escondem
Ninguém lhe responde
Solidão vindima
E não querem vê-lo
Encontra silêncio
Que em sombra tornados
Naquela cidade
Quanto passo andado
Encontrou fechadas
Como vai sozinho
Desenha as paredes
Sob as luas verdes
É brilhante e fria
Ou por negras ruas
Por amor da terra
Onde o medo impera
Os olhos se fecham
As bocas se calam
Quando ele pergunta
Só insultos colhe
O rosto lhe viram
Seu longo combate
Silêncio daqueles
Em monstros se tornam
Tão poucos os homens
Sophia de Mello Breyner Andresen
Foto:Paul Dzik
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7 comentários:
Passo a correr só para deixar um beijinho hindyado!
Mais um belo poema da Sophia, que ela escreveu Por amor da terra
Onde o medo impera.
E foi preciso um longo combate para que as bocas deixassem de se calar.
Mas será mesmo que deixaram de se calar???
Parece impossível eu que conheço tanto da sua obra não conhecer este. É verdade, não conhecia. Obrigada por esta partilha. Saio mais rica.
Um beijinho
Poema da Sophia... e está tudo dito.
Boa foto também.
Beijinhos.
E para finalizar toda esta série de poemas, nada melhor que ler as palavras da Sophia.
Beijos
A dura realidade nas doces palavras de Sophia. Uma foto excepcional.
Beijos
Mais palavras paara quê?!! Tudo dito. A foto à devida altura, como sempre.
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