sábado, dezembro 08, 2007

Clamor



Tudo bem ao chamamento
Noite após noite o que dissemos e
O que nunca diremos - a viagem
Com uma giesta de algodão presa nos cabelos e
A sensação fresca de um sulco de aves na pele

Tudo vem ao chamamento- os lobos
Os anões as fadas as putas as bichas e
A redenção dos maus momentos - enquanto te barbeias

Vês no espelho o homem
Cuja solidão atravessou quase cinco décadas e
Está agora ali a olhar-te - queixando-se da tosse
Da dor de dentes e do golpe que a lâmina fez
Num deslize perto da asa do nariz

Não sei quem é - sei porém que vai afogar-se
Naquela superfície clara quando dela se afastar e
Abrir a porta para sair de casa murmurando: tudo
Vem ao chamamento
Por dentro do clamor da noite.

Al Berto

Foto:Cornel Pufan

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Todas estas escolhas estão magníficas. Sem falar das fotos, que escolhes 'à maneira'!!

Fatyly disse...

Appprrreee...atchim!!!

A foto é magnífica:)**

papagueno disse...

Como eu gosto deste poema. A foto foi,mais uma vez, muito bem escolhida.
Beijos

lena disse...

escolhas perfeitas querida Wind

delicio-me

al berto o poeta que mais leio

beijos muitos

lena