domingo, dezembro 16, 2007

Natal à Beira-rio



É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

David Mourão-Ferreira

Foto:Paul Dzik

5 comentários:

Fatyly disse...

Uma bela reflexão terminando numa interrogativa. A foto é sensacional.

Parabéns miúda por este teu cantinho.

Beijos geladérrimosssssssssss

Alien8 disse...

Bem a propósito da quadra natalícia, como é fino dizer-se.

A foto também é um achado.

Beijos, Wind.

papagueno disse...

Um belo poema natalicio do David que não conhecia.
Beijos.

Paula Raposo disse...

Sublime poema do Poeta que eu tanto gosto!! A foto é magnífica.

lena disse...

wind começo por te dar os parabéns pela escolha da fofo, é perfeita


depois este Natal do Poeta que admiro é todo ele iluminado e envolvente

belo!


a poesia todos os dias da minha vida

um beijo recheado de ternura
e
um abraço de calor

lena