quarta-feira, dezembro 05, 2007
Loucura
Às vezes quando a mente fervilha
vou até o Mirante
e contemplo o mar vasto mar,
a ponta do Arpoador vigilante onde
surfei de peito e repousei na areia cálida
sem medo de me contaminar
no Calçadão, logo embaixo, também presente
em minha mente
gente fiapos de lã, carros - besouros, motos - formigas,
meus amores ao pôr do sol,
meus amores surgidos do mar,
meus amores escondidos do mal,
minha história, minhas ausências e êxtases no ar.
Triste,
desço a rampa, caminho sem olhar,
me detenho atordoado
não o queria encontrar,
descabelado, loucura no olhar,
descabidas sentenças jorram sem parar,
berros expulsos
da boca retorcida, agarra meu braço, vocifera impropérios,
queixas, amarguras, lamentos, raivas incontidas,
ouvidas centenas de vezes, anos de amizade,
perdidos no mar de Prozac,
geração gonorraíca , sifilitica, nossos cérebros
universitários destruídos
monólogo lunático não pára,
caminho na tristeza atemporal da existência,
ternura escorre pela brisa amena,
meu rosto sulcado de lágrimas,
pontas de dedos roçam as costas do possesso – se acalme–
brusco, afasta a amizade – você é safado–
hora de ir para casa,
ouvir românticas noticias de ladroagem
na TV de suaves cores,
me afasto, ouço uivos desesperados – safado! safado! –
confuso, rumo na torrente das meninas
sorridentes,
sol no poente
se reflete nas vidraças frias no alto dos prédios,
ruas levando luzes vermelhas, buzinadas
alongadas,
trânsito engarrafado, carros e motos berram
dolorosamente,
anseio minha casa, campo de quietude, solene abrigo
da demência,
mais nada pode ser dito e mais nada pode ser lamentado,
página virada dos Salmos,
morte ao fantasma da amizade!
Iosif Landau
Foto:Darek M.
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2 comentários:
Muito sofrido o que não deixa de ser bem realista. Não conhecia!
Beijocas
Gostei do poema, que não conhecia. A foto está maravilhosa!!
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