segunda-feira, dezembro 03, 2007
Desfolhada
Corpo de linho
Lábios de mosto
Meu corpo lindo
Meu fogo posto.
Eira de milho
Luar de agosto
Quem faz um filho
Fá-lo por gosto.
É milho-rei
Milho vermelho
Cravo de carne
Bago de amor
Filho de um rei
Que sendo velho
Volta a nascer
Quando há calor.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor amor amor amor amor presente
Em cada espiga desfolhada.
Minha raiz de pinho verde
Meu céu azul tocando a serra
Oh minha água e minha sede
Oh mar ao sul da minha terra.
É trigo loiro
É além tejo
O meu país
Neste momento
O sol o queima
O vento o beija
Seara louca em movimento.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor amor amor amor amor presente
Em cada espiga desfolhada.
Olhos de amêndoa
Cisterna escura
Onde se alpendra
A desventura.
Moira escondida
Moira encantada
Lenda perdida
Lenda encontrada.
Oh minha terra
Minha aventura
Casca de noz
Desamparada.
Oh minha terra
Minha lonjura
Por mim perdida
Por mim achada.
Ary dos Santos (Canta Simone)
Foto:Yuri Bonder
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7 comentários:
Um poema de Ary dos Santos! Que mais há a dizer?
Recordo a polémica que causou, pela simples frase "Quem faz um filho
fá-lo por gosto". Excelente.
Aquele abraço infernal!
adorei recordar...
beijinhos
Engraçado que nunca gostei da Simone de Oliveira, nem no antes nem do depois. Mas este poema é lindissimo e já ouvi noutras vozes.
Também me recordo da polémica referido por belzebu:)
Beijos**
Querida Wind, este poema e esta música serão eternos.
Obrigado pela partilha
Beijocas
Ainda o sei de cor :) caramba , tantos anos ! A poçémica do "quem faz um filho fá-lo pro gosto" criou ...
Beijinhos
Um poema lindo do Ary! Na altura foi mesmo um escândalo a frase...Foi bonito lê-lo aqui.
O grande Ary sempre soube ser polémico. Por isso é uma das mais famosas canções da música portuguesa. E que grande voz tinha a Simone nesta altura.
Beijos
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