terça-feira, dezembro 25, 2007

Ao encontro do poente



Caminhas ao encontro do poente.

Deixa que a foice da Lua
se abata sobre a pedra ritual,
e que os olhos inquietos se ofereçam os descanso,
como os do cordeiro manso,
que aguarda a escuridão, que é também tua.

Ainda entoas o teu canto, vagamente,
mas um véu negro cai brusco, e crucial,
sufocando, mortal, todos os espaços,
porque serenamente vens da noite,
e, para a noite, se dirigem os teus passos.

Manuel Filipe, in"Tempo de Cinza", pág.59. Apenas Livros

Foto:Cavagna Ottavio

2 comentários:

Paula Raposo disse...

Divinal!! Manuel Filipe sempre extraordinário.

Fatyly disse...

Este poema é tão tocante e preenchente.

Beijos