segunda-feira, janeiro 08, 2007

À porta da insónia



Já o real absorve a irrealidade,
porém que realidade é a da noite
só vivida em palavras? Em vão tento
criar uma sequência de momentos, de
tudo esvaziados, e se falho não sei
se é por obras, palavras ou imagens

Páro à porta da insónia, e no magro intervalo,
que se alarga depois, reaparece a casa: dentro
dela estou afinal, o estrago que me envolve
é igual ao que também não sei que mal
mortal fez no tecto do sono,
por onde agora entra a realidade.

Gastão Cruz

Foto:Michael Vahle

1 comentário:

Maria Carvalho disse...

Este poema quase que completa o meu 'insónia'!! Gostei.