sábado, janeiro 20, 2007

A bailarina vermelha



Ela passa,
a papoila rubra,
esvoaçando graça,
a sorrir...
Original tentação
de estranho sabor:
a sua boca - romã luzente,
a refulgir!...

As mãos pálidas, esguias,
dolorosas soluçando,
vão recortando
em ritmos de beleza
gestos de ave endoidecida...
Preces, blasfémias,
cálidas estesias
passam delirando!...

Mordendo-lhe o seio
túrgido e perfurante,
delira a flama sangrenta
dos rubis...
E a cinta verga, flexuosa,
na luxuria dominante
dos quadris...

Um jeito mais quebrado no andar...

Um pouco mais de sombra no olhar
bistrado de lilás...

E ela passa
entornando dor,
a agonizar beleza!...
Um sonho de volúpia
que logo se desfaz,
em ruivas gargalhadas
dispersas... desgrenhadas!...

Magoam-se os meus sentidos
num cálido rubor...

E nos seus braços endoidecem
as anilhs d'oiro refulgindo
num feérico clamor!...

E ela passa...

Fulva, esguia, incoerente...
Flor de vicio
esvoaçando graça
na noite tempestuosa
do meu olhar!...
Como uma brasa ardente,
einfernal e dolorosa,
... a bailar...

a bailar!...

Judith Teixeira

Foto:Eric Richmond

5 comentários:

Anónimo disse...

Cisne escarlate.
Em vermelha bailarina.
Púrpura papoila.
Fundo feito trigo.
Louro. Doirado.
Raiz prateada.
Em pontas, em dedos.
Membros esvoaçantes.
Eróticas visões.
Em contidos espasmos.
in) poetaeusou

Anónimo disse...

Gosto destes poemas em que há sempre uma repetição de um verso; neste caso gosto ainda mais pois parece que o poema tb baila!

Maria Carvalho disse...

Um poema crescente...

Anónimo disse...

E que bela e graciosa ela é.
beijos

Gi disse...

Contigo vou conhecendo nova poesia que me agrada bastante. Obrigada por isso