sábado, janeiro 06, 2007

Plano



Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.

Nuno Júdice

Foto:Stanmarek

4 comentários:

Anónimo disse...

A foto só por si valia um post: belíssima. No entanto, pareciei igualmente o texto ... espero que o amor encha o copo da vida até cima e não se fique apenas pelo meio!

Um beijo e bom fds

Anónimo disse...

Onde se lê: "pareciei" deve ler-se "apreciei" :-))

Maria Carvalho disse...

Nuno Júdice sempre excelente!! A escolha da foto maravilhosa! Muitos beijos. Bom fim de semana.

Fatyly disse...

Boa escolha! Parabéns!
Beijos