quarta-feira, janeiro 31, 2007

Os amantes sem dinheiro



Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.

Eugénio de Andrade

Tela:Nicoletta Tomas

8 comentários:

poetaeusou . . . disse...

As Amoras
O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.
in) Eugénio de Andrade.
jino

andorinha disse...

Eugénio de Andrade no seu melhor.
Gostei muito:)
Beijos.

Gi disse...

Um dos meus poetas de eleição :-) e à Nicoletta também já lhe fiz as minhas honras .
beijinhos Wind

SÓNIA P. R. disse...

Wind se puderes passa por lá, relê o post e vê o comentário que te deixei.

Beijinho de boa noite.

Su disse...

hoje andei por aqui e como sempre gostei, adorei, amei o que li....e reli

excelentes ...sempre as tuas escolhas


jocas maradas

Maria Carvalho disse...

O Poeta no seu esplendor incomensurável! Adorei. A tela está lindíssima a acompanhar. Beijos.

Cristina disse...

Lindo como sempre
:)
beijinhu, espero k estejas bem
:)

Angel_words disse...

Bem... desculpa a intromissao.... mas nao resisti a comentar o blog...
Tenho que te dar os paabens por ele... é um prazer passar aqui e ir lendo os posts, vendo as imagens :)
E claro... o poeta... Eugenio, que adoro!
Bjs e parabens