quarta-feira, janeiro 03, 2007

Concerto em Ré menor,Para Piano e Orquestra, de Mozart, K 466



Finíssima amargura recatada,
que exasperadamente se contém
de gritos e lamentos mas devém
doçura tensa tão dialogada
que nas mesuras fica disfarçada
a dor de ser-se, que sabemos bem
não ser este sorriso mas além
a dura soledade condenada
à morte e à desgraça. Nada mais
que o esgar tranquilo, insólito e discreto
a despontar entre insistências tais
que é como triunfo de um rigor disperso
em salpicado som órfão de afecto,
morto do amor em que flutua imerso.

Jorge de Sena

Foto:Yuri B

2 comentários:

Alien8 disse...

Belíssimo soneto de Jorge de Sena!
Imagem, como sempre, a condizer.
Não desistas!
Um beijo.

Maria Carvalho disse...

Maravilhosa escolha, Isabel! Jorge de Sena.