domingo, março 30, 2008

Esquecer



Longos dias de sonho e de repouso...
Ócio e doçura... Sinto, nestes dias,
Meu corpo amolecer, voluptuoso,
Num desfalecimento de energias.

A ler o meu poeta doloroso
E a fumar, passo as horas fugidias.
Entre um cigarro e um verso vaporoso
Sou todo evocações e nostalgias.

Quando por tudo a claridade morre
E sobre as folhas do jardim doente
A tinta branca do luar escorre,

A minha alma, a mercê de velhas mágoas,
É um pássaro ferido mortalmente
Que vai sendo arrastado pelas águas.

Ribeiro Couto

Foto:Jose A Gallego

3 comentários:

Special K disse...

Estava mesmo a precisar de me esquecer na doçura do ócio.
Beijos

Paula Raposo disse...

Tão lindo soneto! Não conhecia.

Fatyly disse...

Há que saber e aprender a não se deixar arrastar pelas águas...mas sim docemente ao sabor da corrente:)

Não conhecia!

Beijocas