Magoei os pés no chão onde nasci.
Cilícios de raivosa hostilidade
Abriram golpes na fragilidade
De criatura
Que não pude deixar de ser um dia.
Com lágrimas de pasmo e de amargura
Paguei à terra o pão que lhe pedia.
Comprei a consciência de que sou
Homem de trocas com a natureza.
Fera sentada à mesa
Depois de ter escoado o coração
Na incerteza
De comer o suor que semeou,
Varejou,
E, dobrada de lírica tristeza,
Carregou.
Miguel Torga
Foto:
Piotr Kowalik
2 comentários:
Forte, muito forte.
O Homem e a dureza da terra. Como eu o compreendo pois cresci naquelas terras de rara beleza mas de vida dura.
bjks
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