quarta-feira, março 19, 2008

Carta náutica



Olho todas as águas
desde as profundezas do mar
e aí estás como num quarto minguante acelerado
e aí estou sem palavras, móvel entre a espuma
que navega para o teu coração.
E para o nosso amor avançam
os quatro pontos cardeais
e os restos de barcas e navios que puderam
sobreviver ao naufrágio de um quarto de século.
Continuaremos a amar-nos perpetuamente.
E levantaremos as nossas cabeças
no ouro fechado do arvoredo mudo
até chegar, novamente, ao pé dos cem mares.
Na maré-cheia o teu corpo e o meu corpo.
Lá, na maré-baixa, a tua boca e o meu corpo e o teu esplendor.
Nesta carta náutica não há espaço para eles.

Nancy Morejón

Foto:Zacarias Pereira da Mata

5 comentários:

Cecília Longo disse...

Olá
vim deixar um beijo e saber como andam as meninas.
Belo poema e música
beijinhos

Paula Raposo disse...

Não conhecia. Bonito poema. Beijos.

papagueno disse...

Ainda o mar e o amor...
Bjks

Lola disse...

Wind,

Como sempre um belo poema.

Beijinhos

Fatyly disse...

...e de facto não pode nem deve haver. Não conhecia! Lindissimo!

Beijos