segunda-feira, março 24, 2008

Identidade



Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.
Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.
Mas como as inscrições nas penedias
Tem maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.

Miguel Torga

Foto:Stanmarek

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Quanta verdade nas palavras do Miguel Torga...

Carla disse...

a dureza das rochas em belas palavras
beijinhos

papagueno disse...

E como é grande a "forma da emoção" na poesia do Torga.
Beijos