quarta-feira, março 26, 2008
O longe e o perto
Logo que a noite envolve em sombras o jardim
Parece que um mistério estranho me rodeia,
Bocas de flores se entreabrem para mim,
E não sei de quem são estes passos na areia
Nem este murmurar de uma queixa sem fim.
Como a seiva da terra alimenta as raízes,
Uma seiva secreta enche meu coração.
Deve ser o tal "gosto amargo de infelizes",
Plantinha sempre verde entre as pedras do chão,
Cujo travo provei em todos os países.
Tudo que pude fiz para não ser assim,
Mas não posso esquecer o longe pelo perto;
Os que amei e perdi dormem dentro de mim;
A culpa é minha, sou eu mesmo que os desperto,
Logo que a noite envolve em sombras o jardim.
Ribeiro Couto
Foto:Mert Onengut
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6 comentários:
O longe e o perto...adorei este poema. Beijos.
não conhecia ...
gostei imenso.
bjs
Sempre me encantou o sortilégio misterioso da noite.
É mesmo assim, os que amei e perdi estarão sempre cá dentro.
Um beijo
Fantástico e a parte final está soberba.
Não conhecia e adorei! A foto é lindissima!
Beijos
Não conhecia o poeta e gostei do poema.
E da música.
Bom resto de semana, beijinhos.
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