Digo
"as minhas mãos são água"
quando imersas
no secular fluir deste riacho
(temerosa timidez
que se diverte,
faz bailar seixos
e os barcos de papel).
Digo
"as minhas mãos são água",
quando à noite,
fascinadas, reflectem as estrelas,
do solene dossel desce o silêncio,
e procuram, também elas, luz no mar.
Digo
"as minhas mãos são água"
pois são geladas
e nada mais encontraram
que agarrar.
Manuel Filipe, in "Tempo de Cinza", pág.44, Apenas Livros
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daqui
4 comentários:
Wind,
Bom dia.
Este blog alimenta-nos de poesia.
Beijos
um abraço enorme pelo apoio incondicional, pelas palavras
boa Páscoa
Sempre belo o que escreve o Manuel Filipe!!
belo
jocas maradas.......sempre
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