quinta-feira, março 20, 2008

O sol que me luz dentro



Nada tenho nas mãos,
Só o sol me brilha dentro
Numa espécie de encantamento,
Um fogo que não se apaga,
Mas nas mãos nada se vê.
Nem o brilho, nem a cor,
Nem o fogo, nem o ardor,
que me deixam o corpo em brasa.
Se nas minhas mãos brilhasse
O sol que me luz dentro,
Mil raios as trespassariam,
Mil raios iluminariam,
As noites,
As minhas,
Tão escuras.
E eu teria noites-dia,
E não noites-agonia,
Se nas minhas mãos raiasse,
O sol que me luz dentro.

Encandescente, in"Bestiário",pág.74, Edições Polvo

Foto:Yuri Bonder

4 comentários:

Lola disse...

Wind,

Boa Páscoa.

Beijinhos

peciscas disse...

A Encandescente tem razão: há muita gente que tem um sol escondido dentro de si. Só que, muitas vezes, o ruído à sua volta impede-o de brilhar e de ser reconhecido.

Paula Raposo disse...

Mais um belo poema da Encandescente. E mais este sol que nos brilha dentro...

Fatyly disse...

Sempre realista...adorei!

Beijocas