segunda-feira, março 12, 2007

Retrato ardente



No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha

Eugénio de Andrade

Foto:Paul Bolk

3 comentários:

Special K disse...

Lindo este poema do Eugénio, acho que vou roubá-lo. Beijinho

Maria Carvalho disse...

Imagens lindas que o Eugénio de Andrade tão bem sabe descrever...um belo poema, como todos os dele.

poetaeusou . . . disse...

e eu feito pólen
ji)