domingo, março 04, 2007

Era fácil



Era fácil sair de mim
e colher o prazer.
Mas conto os dias,
as horas,
os segundos
nem sei para quê.
Acredito, não sei porquê,
que esta angústia,
esta dor,
esta ferida,
se esvai,
se adoça,
se cura.
Que este sentir não dura.
Mas os dias passam,
a angústia aperta,
a dor cresce,
a ferida afunda
e tudo à minha volta
sucumbe cinzento,
sem um alento,
no meu desvario
que me preenche,
me inunda.

Helena Guimarães

Foto:Frédéric Karikese

3 comentários:

Maria Carvalho disse...

À Helena Guimarães (que não tenho a honra de conhecer) um bem haja por um poema (este que li agora. Nada mais conheço) que me transcende.

Fatyly disse...

Um círculo que se entra com facilidade e sair é bem mais díficil, mas nunca impossível.

poetaeusou . . . disse...

o prazer
de não ter dor
é a minha angustia
bj)