terça-feira, março 06, 2007
O tempo, subitamente solto
O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.
José Luís Peixoto
Foto:Frédéric Karikese
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5 comentários:
acho que ainda não to disse, e tenho mesmo de.
OBRIGADA pelo teu blog.
Este moçoilo do norte escreve lindiamente. Boa escolha!
Beijos
subitamente denso...
b)
Pois...José Luís Peixoto...seria. Muito longe de mim. Adorei.
"Um dia, quando a ternura for a única regra da manhã, acordarei entre os teus braços, a tua pele será talvez demasiado bela. E a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
Um dia, quando a chuva secar na memória, quando o Inverno for
tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa janela, sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi
nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar
a perfeição da felicidade."
(José Luis Peixoto)
As palavras de JLP são um bálsamo para a minha alma...
Boa escolha.
Bjs ;)
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