terça-feira, março 13, 2007
Grito
Cedros, abetos,
pinheiros novos.
O que há no tecto
do céu deserto,
além do grito?
Tudo que é nosso.
São os teus olhos
desmesurados,
lagos enormes,
mas concentrados
nos meus sentidos.
Tudo o que é nosso
é excessivo.
E a minha boca,
de tão rasgada,
corre-te o corpo
de pólo a pólo,
desfaz-te o colo
de espádua a espádua,
são os teus olhos,
depois o grito.
Cedros, abetos,
pinheiros novos.
É o regresso.
É no silêncio
de outro extremo
desta cidade
a tua casa.
É no teu quarto
de novo o grito.
E mais nocturna
do que nunca
a envergadura
das nossas asas.
Punhal de vento,
rosa de espuma:
morre o desejo,
nasce a ternura.
Mas que silêncio
na tua casa.
David Mourão-Ferreira
Foto:Joris Van Daele
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11 comentários:
Gosto imenso do David Mourão Ferreira..
Nunca tenho uma visita tua.
Why?
Beijo
PS - Lindo acompanhamento musical.
A Rapariga, comento pouquíssimos blogs:)
beijos
Só podia ser David Mourão-Ferreira. Adoro !
O meu comentas ... na na na na nana..:-)
Que escolha inspirada Wind! Não conhecia o poema, foi uma descoberta fascinante :-)
Adoro a poesia do Mourão-Ferreira! Beijos.
Munch. Boa noite Wind, um abraço.
Gosto de David Mourão Ferreira, mas este poema é impenetrável porque perco-me quando o leio.
Beijos sinceros
Um dos nossos grandes poetas.
Haverá alguma dúvida?!
Claro que não!
Bjs
O grito do amor, nunca é excessivo!
Um "xi" à moda da Hindy!
/
Rogando
grito
aflito
espero
sonhando
/
um)
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