segunda-feira, dezembro 17, 2007

Lago



Sou água:
eis um novo nome para o tempo
por seus versos liberto;
eis um novo amor para o vento
sussurrar ao infinito:
murmúrio branco,
memória baldia,
relíquia líquida que se aquece
quando o dia respira.
A correnteza apressa-se em avançar
sobre as marcas dos meus passos;
a profundidade dos peixes ameaça mergulhar
sobre o rumo dos barcos que alcanço:
quem me vê
como espelho agradece,
quem sofre como espantalho
arde em sal
dentro de um corpo líquido doce.

João de Abreu Borges

Foto:Patrick Di Fruscia

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Palavras/poemas/palavras que de tão belos, eu nada acrescentaria...beijos, Isabel.

Anónimo disse...

Belas palavras emolduradas pôr esse lago que nos remete a sensação da busca, do navegar, independente das águas revoltas, e na essência mergulhar e fundo...
Bem fundo... na alma!

Assim como da alma sai a ajuda a Flavinha que luta em silêncio pelo direito à vida, roubada, surrupiada, pôr aventureiros do dinheiro fácil. Oferecem facilidade e criam dificuldades, assim como fizeram com Flavinha.

Só o amor para devolver a ela, em forma de generosidade o carinho e a voz firme dos conscientes pôr justiça que não pode faltar.
É o grito da alma em socorro dela,
Que hoje não pode falar!
Abs

peciscas disse...

Confesso que não conhecia este poema.
Gostei!