segunda-feira, outubro 30, 2006

Soneto do prazer maior



Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.

Bocage

Tela:P. Charters d'Azevedo

10 comentários:

Hindy disse...

Maroto... :o)

Beijinhos

P.S.- Adoro esta música dos Extreme!

mfc disse...

Falar seriamente de Amor é também não esquecer os corpos que o sustentam!

JPD disse...

Insuperável, o amigo Barbosa!
Bjs

peciscas disse...

Claro que tinha de ser o safado do Bocage, que, em tais assuntos, era doutorado!

Anónimo disse...

Tivesse Bocage vivido junto da Corte, como viveu Camões, e teria sido tal como Camões um Poeta Maior. Um belo soneto, sem dúvida.

bjs de boa Noite

Pink disse...

Encantador este soneto de Bocage. Ainda bem que te lembraste deste poeta (por qulquer razão tendo a esquecer-me dele, mas aprecio bem o que escreve).

Um beijo

Maria disse...

Malandro!!! :-)
(Isto hoje é que foi produção!!)
Beijocas

Paulo disse...

Gostos privados.., fetiches sonhadores, cúmpicidades, silêncios ainda maiores em noites de suores frios e de vigilia permamente....
Gostei dessas palavras do Bocage...
Beijos

andorinha disse...

Fabuloso soneto com tanto erotismo à solta:)
Beijos

Alegrao disse...

Já tenho este poema há muito tempo guardado para publicar :)
Beijo