segunda-feira, outubro 30, 2006

Green God



Trazia consigo a graça
das fontes quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens quando desce.

Andava como quem passa
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos
cresciam troncos dos braços
quando os erguia no ar.

Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.

E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
duma flauta que tocava.

Eugénio de Andrade

Imagem daqui

2 comentários:

Anónimo disse...

Eugénio de Andrade...
Os grandes serão sempre assim...
ETERNOS.

Pink disse...

Sempre gostei imenso deste poema de Eugénio de Andrade com o qual tomei primeiro contacto como aluna de Literatura Portuguesa. Acho mesmo que quase o sei de cor.
é belo e tu arranjaste uma ilustração digna do poema! Post resultante: fantástico.

Um beijo