terça-feira, outubro 24, 2006

Era o último amor



Era o último amor. A casa fria,
os pés molhados no escuro chão.
Era o último amor e não sabia
esconder o rosto em tanta solidão.

Era o último amor. Quem adivinha
o sabor pela escuridão?
Quem oferece frutos nessa neve?
Quem rasga com ternura o que foi Verão?

Era o último amor, o mais perfeito
fulgor do que viveu sem as palavras.
Era o último amor, perfil desfeito
entre lumes e vozes passadas.

Era o último amor e não sabia
que os pés à terra nua oferecia.

Luís Filipe Castro Mendes

Dedico este post a todos os que já amaram alguém e foram pura e simplesmente abandonados, quando mais precisavam do(a) outro(a).
Aos que só pensaram neles e se borrifaram no outro(a), faço isto:



Fotos:Elena Vasileva

6 comentários:

Maria Carvalho disse...

Ora exactamente!! Obrigada pelo poema que me encaixa na perfeição...e faço o mesmo gesto que tu! Fantástico! Beijos para ti.

Cristina disse...

hahaha gostei :)
beijinhu

Anónimo disse...

Um magnífico poema...e...obrigado.

beijocas

SaoAlvesC disse...

muito bem, obrigada pela parte que me toca... ;) :)
bj.

mfc disse...

As tuas escolhas são perfeitas.

Menina Marota disse...

"...Dedico este post a todos os que já amaram alguém e foram pura e simplesmente abandonados, quando mais precisavam do(a) outro(a)."

Minha querida Wind...
Ao ler este poema e o início do teu texto, mil memórias afloraram o meu pensamento.
Delas, recordei uma que muitas vezes me assola... a primeira vez que fui abandonada.

Era quase uma menina... há 30 anos atrás(parece muito tempo, não é?)
Ele foi o meu primeiro em tudo... a minha primeira paixão, o meu primeiro namorado, o meu primeiro amor, o meu primeiro merido... o meu primeiro homem e, o primeiro pai de um filho meu.
Por ele, abandonei família, Pais, estudos...
Entreguei-me, naquela entrega que só o amor inocente consegue fazer.

Bem... ao fim de cinco meses de casamento, (namorámos 2 anos)ele fugiu com uma enfermeira, deixando-me grávida de 3 meses...Caiu-me o Diluvio em cima!
Por amor da minha Filha, sobrevivi.
Tive outros "amores" que não inundaram a minha alma.

Voltei a casar. Tive outro filho.

Os meus filhos são a minha grande paixão.

Por eles, aguento um "mundo de inferno" de sorriso nos lábios, porque afinal, cheguei à conclusão de que não há felicidade completa.

Deixo-te estas palavras de incentivo. Segue a Vida em frente e, acima de tudo, ama-te a TI própria e tira o melhor proveito da felicidade que a Vida te puder proporcionar.

Beijo e um sorriso do tamanho do Mundo ;)