Desejei-te pinheiro à beira-mar
para fixar o teu perfil exacto.
Desejei-te encerrada num retrato
para poder-te contemplar.
Desejei que tu fosses sombra e folhas
no limite sereno desta praia.
E desejei: "Que nada me distraia
dos horizontes que tu olhas!"
Mas frágil e humano grão de areia
não me detive à tua sombra esguia.
(Insatisfeito, um corpo rodopia
na solidão que te rodeia.)
David Mourão-Ferreira
Foto:Stanmarek
9 comentários:
Uma cheiro a maresia... um toque de viver... uma emoção!
bjs ternos e doces
O David, para além daquela postura, às vezes um tanto snob, tinha uma rara sensibilidade e uma grande elegância na escrita.
É bom saber-te de volta.
Bjs
Pois...O difícil é permanecer...
Muito bonito, Wind! E verdadeiro...
Beijinho
David Mourão-Ferreira é de facto único. Lindo poema.
Um resto de bom Domingo e uma boa semana de trabalho.
O grande David, um gosto que temos em comum.
Fica bem:)
Beijos.
David Mourão Ferreira, tinha um escrita muito "rica", "espelho" onde nos revemos, sempre com o espanto de nos surpreendermos maginificamente favorecidos.
Foi um escritor daqueles em quem a morte não teve poder..porque as suas palavras, agora escritas, são intemporais.
Beijos
Paulo
Um poema sedutor de desejo que paira por todo ele.
não há duvida, gosto deste homem:)
jocas maradas
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