sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Sistema solar



Cada voz tem o seu contraponto
num ruído natural. Cada silêncio,
no silente espaço que rodeia, por vezes,
cada coisa. À beira do berço as bocas
percutem sobre a criança. Depois, no sono,
abrem-se como qualquer flor. Sobre
os cílios da adolescente tecem frases.

*

À beira do berço as bocas
percutem sobre a criança. Depois no sono
adensam-se como qualquer árvore. Sobre
os cílios da adolescente tecem frases.
Cada silêncio corporiza-se no espaço.
As coisas têm eixos e rodam
com ruídos diferentes do seu nome.
E o Sol tramonta entre vestígios,
além dos montes e vales e o mar.

*

E o Sol tramonta sobre as nossas casas
e os montes e vales e o nosso mar.
Quando um verso marca o lugar das coisas
elas aí ficam para sempre. O Sol
que perpassa em cumes e em cristas
nasce nas arestas serranas do nascente
e vai até ao mar em sete versos.

Fiama Hasse Pais Brandão

Imagem daqui

5 comentários:

Acid Pig disse...

Olá... só para dizer que gostei muito de ler o vosso blog! :)

Paula Raposo disse...

Óptima escolha de imagem e poema...beijos.

Carla disse...

se o mar já é apelativo, imagina-o vestido com sete versos!
Que bela escolha

Menina Marota disse...

"Cada silêncio corporiza-se no espaço.
As coisas têm eixos e rodam
com ruídos diferentes do seu nome.
E o Sol tramonta entre vestígios,
além dos montes e vales e o mar."

A visão de Fiama, num mundo tão subjacente ao sentimento humano...

Um abraço ;)

papagueno disse...

Lindo poema, o titúlo lembrou-me uma canção do Jorge Palma.
Bjks