quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Corpo adentro



Teu corpo é canoa
em que desço
vida abaixo
morte acima
procurando o naufrágio
me entregando à deriva.

Teu corpo é casulo
de infinitas sedas
onde fio
me afio e enfio
invasor recebido
com licores.

Teu corpo é pele exata para o meu
pena de garça
brilho de romã
aurora boreal
do longo inverno.

Marina Colasanti

Foto:Keiko Guest

1 comentário:

Paula Raposo disse...

Gosto destas palavras que se enfiam umas nas outras. E ainda mais fala em romãs...beijinhos.