segunda-feira, fevereiro 11, 2008
O drops
Marilene sentia-se infeliz e obesa. Estava desempregada e sem dinheiro. As amigas não a procuravam há anos. O jovem por quem se apaixonara havia acabado de se casar com a sua desafeta. Era virgem.
Um dia, no auge do seu desespero, tentou se matar. Mas, antes de encontrar o revólver, achou uma velha bala na gaveta. Não a munição da arma e, sim, a guloseima. Era um drops, na verdade.
Chupou. Começou a flutuar, como um antigo comercial deste drops, em que as pessoas o colocavam na boca e saíam de uma festa voando. Marilene já planava pela sua casa, pela rua, pelo bairro, pela cidade.
Sentia, de longe, a inveja das ex-amigas e do ex-amado ao verem Marilene voar levemente como um pássaro sem rumo ou um avião sem problema de tráfego. Até que uma andorinha pousou sobre suas costas e lhe deu uma bicada.
Marilene acordou para a realidade. Estava na UTI de um hospital público, com as duas pernas, os dois braços e a clavícula fraturados. Continuava desempregada, pobre, infeliz, infantil e obesa. Ao menos, o drops era diet.
Gustavo do Carmo Visto na Minguante Nº8
Pintura:Chagall
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5 comentários:
Essa história me surprendeu com esse final nada diet. Me lembrou alguns escritores de contos que eu lia nos meus 13,14 anos^^:)
Gostei.
Beijoos
Embora um tanto tétrica, a história é deliciosa.
Estou aqui
http://baudepoemas.blogspot.com/
http://ondasdocesondas.blogspot.com/
Tristemente real...
Um excelento mini-conto!
Beijinhos
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