sábado, fevereiro 09, 2008

Poema



Como se o teu amor tivesse outro nome no teu nome,
chamo por ti; e o som do que digo é o amor
que ao teu corpo substitui a doçura de um pronome
- tu, a sílaba única de uma eclosão de flor.

Diz-me, então, por que vens ter comigo
no puro despertar da minha solidão?
E que mumúrio lento de uma cantiga de amigo
nos repete o amor numa insistência de refrão?

É como se nada tivesse para te dizer
quando tu és tudo o que me habita os lábios:
linguagem breve de gestos sábios
que os teus olhos me dão para beber.

Nuno Júdice

Foto:Yuri Bonder

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Mais uma escolha perfeita entre a foto e o poema. Excelente, Isabel. Beijos.

Fatyly disse...

Os gestos valem por mil palavras.

Uma ternura de poema!

Beijos

andorinha disse...

"Tu és tudo o que me habita os lábios".
Lindíssimo!
E a foto a condizer, como sempre:)
Beijos.