quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Destino



Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta --- <> ---
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?

Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai! não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.

Almeida Garrett

Foto:Yuri Bonder

3 comentários:

papagueno disse...

Que belo destino...
Bjks

Nilson Barcelli disse...

Romantismo a valer...
A foto que arranjaste é perfeita para o poema.

Beijinhos.

Mocho Falante disse...

Querida Wind, as saudades que eu já tinha de ler estes poemas que descobres que partilhas...sabe bem ler Garret, mesmo quando é triste é imensamente belo

beijocas