domingo, fevereiro 24, 2008

18 horas TMC



Eram 6 da tarde quando cheguei ao Céu
uma orquestra de rouxinóis tocava boleros
e Deus estagiava poemas de amor na Mont Blanc

Temperatura agradável, nem frio de traições
nem calor de granadas em estufa de aguardente
o tempo que faz no Céu toda a Eternidade

Deram-me logo uma "Tequilla Sunrise" gelada de sorrisos
e uma coelhinha da Playboy com seios naturais
ofertou-se de mansinho para misturarmos peles

Depois fomos jantar trufas, vinho do Porto e Häagen Dazs
o restaurante era uma ostra acetinada com cheiro de lírios
e um "maître" vestido de anjo e curso de "saucier"

À noite, assistimos à "première" da nova versão da "Bíblia"
num cinema parecido com o castelo da Bela Adormecida
onde os bidões de pipocas sabiam a caviar e “foie-gras”

Gostei de ver Tom Cruise como Abraão, apesar da altura
as barbas compensaram e o moço está outra vez charmoso
não obstante Nicole vender agora o corpo em Hollywood

Trouxeram-me ao quarto num Rolls Royce verde de metais
conheci pessoalmente o saxofone tenor de Stan Getz
que ia deitado nos estofos a tocar “Apasionado”

Tomei um duche daqueles automáticos, novidade celestial
e deixei-me boiar na cama que cheirava a lavado de Ajax
entrou então, nua de pecados, uma massagista tailandesa

E cada vez que me pianava as costas bronzeadas
saíam-me dos poros os últimos demónios escondidos
e sentia-me como um alpinista no topo de mim

Quando acordei, sem remelas, ressacas, remorsos ou memórias
Bogart veio tomar comigo o uísque da manhã, sorriu-me
e disse que no Céu era sempre assim todos os dias.

Luís Graça visto no Palavras D'Ouro

5 comentários:

papagueno disse...

Quero um paraíso assim. Mas dispenso o caviar e o “foie-gras”. Ele acertou mesmo em dois dos alimentos que eu menos gosto. Acho mesmo que as pessoas só comem aquilo porque é chique.
Um abraço.

papagueno disse...

Epa! Peço desculpa, o português soa-me tão mal no meu comentário anterior :)
E é uma beijoca mas pode ser também um abraço.

Odele Souza disse...

Humm, lendo isto Wind, dá até vontade de ir para o céu. Nem que seja para um passeio. Parece mesmo um lugar agradável de se estar. E claro que deve ser.

Gostaria de comentar um pouco suas palavras deixadas no blog de Fatyly sobre o lindo post que está lá dedicado à Flavia e que hoje já li duas vezes para ela.

'Magnífico post de amizade/amor e talvez por isso, estupidamente emocionei-me:)))
Beijocas"

Também eu me emocionei com o texto e a atitude de Fatyly. Li, reli, ri e chorei.

Mas não concordo Wind , e isto lhe digo com carinho - que "estupidamente nos emocionamos". Emocionar-se jamais deve ser considerado estupidez e sim, a demonstração de que temos uma alma sensível, o que é muito bom. Você não se emocionou "estupidamente", você se emocionou lindamente. Acredito, sinceramente acredito que só se emociona quem tem uma alma boa. Que bom que as palavras de Fatyly nos emocionaram. E como eu gostaria Wind, que Flavia estivesse em condições de assim como eu e você, DEMONSTRAR emoção com as palavras e o gesto de Fatyly.

Um beijo com muito carinho e bom domingo pra você.

Fatyly disse...

Antes demais subscrevo o comentário da Odele, não pelo que eu fiz mas...ai, ai, ai e já lá vou dar-te na carola.

Depois? vamos ao poema

Luis Graça que fique lá com essa ida ao céu, porque apesar dos pesares prefiro continuar mais uns anitos neste inferno da terra que tem momentos tão bonsssssssssssssss mas há que saber olhar para eles e saborea-los.

Não gostei:( e agora quem leva sou eu:)

Beijos

Paula Raposo disse...

Fascinante...adorei o poema!!