segunda-feira, outubro 01, 2007
Quarto em desordem
Na curva perigosa dos cinqüenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor
que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar
a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo
verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama.
Carlos Drummond de Andrade
Foto:Enigma Photography
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11 comentários:
O Amor é um tema inesgotável para os poetas.
Sobretudo para aqueles que têm a dimensão do Drummond de Andrade.
Esse Cara é fantástico nas suas "derrapagens":)
Adorei!
Beijos
*
sensível e secreta me atormenta
*
bji
*
O amor faz maravilhas...
Beijinho hindyado
Inquestionável a forma como ele faz pinturas com as palavras!
Sempre um belo poema e sempre uma bela fotografia.
Que bom gosto o teu, Belinha!
Mil beijos à solta por este blog.
Tua,
Cris
O amor tudo pode até pôr um quarto em desordem.
Beijinhos
Ora boa tarde Wind e um abraço.
Ké feito, carai?
Que maravilhoso poema sensualíssimo!! Beijos.
amei...
jocas maradas
Apesar de haver livros com coisas tão belas como este soneto do Drummond, a ideia da Cecília Meireles não me parece nada má: eu talvez levasse mesmo um Dicionário para a tal ilha deserta :)
Um beijo, Wind.
Mais um fabuloso poema do Carlos Drummond de Andrade.
A foto, é um enigma como a escolheste tão bem... pois...
Beijinhos.
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