domingo, outubro 14, 2007

Escrito com Tinta Verde



A tinta verde cria jardins, selvas, prados,
folhagens onde gorjeiam letras,
palavras que são árvores,
frases de verdes constelações.

Deixa que minhas palavras, ó branca, desçam e te cubram
como uma chuva de folhas a um campo de neve,
como a hera à estátua,
como a tinta a esta página.

Braços, cintura, colo, seios,
fronte pura como o mar,
nuca de bosque no outono,
dentes que mordem um talo de grama.

Teu corpo se constela de signos verdes,
renovos num corpo de árvore.
Não te importe tanta miúda cicatriz luminosa:
olha o céu e sua verde tatuagem de estrelas.

Octávio Paz

Foto:Haleh Bryan

"Roubado" à Gi e mais uma vez aconselho a verem o seu magnífico blog, onde a Arte impera.

7 comentários:

Fatyly disse...

Nunca é demais ler este poeta!

Quando tiver um tempinho irei ler a Gi:)

maria inês disse...

a começar a conhecer o poeta!

***** para essa imagem!

peciscas disse...

Já passei pela casa da Gi.
Vale sempre a pena.

Pink disse...

Poema com imagens belas e apelativas. Bela foto. Conclusão: post fantástico!

Um beijo e uma boa semana para ti.

António disse...

Querida Isabel!
Bonito poema de um poeta maior!

Cada vez tenho mais dificuldade em navegar neste teu blog.
É certo que o meu PC é muito velhinho e lento, mas acho que o Webclub está a precisar de um Webclub II.

Beijinhos

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

Uma passagem para matar saudades e colocar a leitura em ordem.

Beijos

Paula Raposo disse...

Bonito poema vestido de verde!