segunda-feira, outubro 08, 2007

Desde quando alguma vez anoiteceu



Desde quando alguma vez anoiteceu
E à angústia de que a terra se cobriu
Só pasmo nas esferas respondeu;
Desde quando alguma flor emurcheceu
E a criança que válida se ria
De repente calada apodreceu;
Desde quando a algum estio sucedeu
Um outro outono e a árvore se despiu
E a primeira cabeça encaneceu;
Desde quando alguma coisa que nasceu
Sem que o pedisse, sem remédio se degrada
E acaba, sob a terra que a comeu,
Dispersa entre os átomos dispersos,
Se acumula a tristeza deste dia
E a razão destes versos.

Reinaldo Ferreira

Foto:José Marafona

2 comentários:

Paula Raposo disse...

Muito triste. Triste demais...

mfc disse...

Há sempre algo que acontece que nos explica a razão das coisas.