quarta-feira, dezembro 20, 2006
Sem título
A perna docemente erguida sobre a página:
um verso assim não escreves sem meu gozo.
Sabia como marcar as frases onde retornar.
Os dois se buscavam entre enigmas e risos,
devolviam a cada um o que iam encontrando,
restos do outro, pequenas sombras dispersas.
Abro-te os lábios todos da casa. Não vês ali
na varanda uma parte de ti já esquecendo-se?
A voz podia estar entregue a qualquer um,
a dar por assombro a noite em um capítulo
de espasmos: olhos rabiscando-se, imagens
saltando do sexo de ambos, toda ela, todo ele,
tudo para encontrar-se e dizer: já estivemos.
Somente o amor nos revela o que perdemos.
Floriano Martins
Foto:Paul Bolk
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3 comentários:
Mais um belo poema com uma soberba ilustração.
É um prazer visitar diariamente o teu blog.
Um bj de boa noite
Sinceramente li e reli e perco-me sempre. Hummmm não gostei muito!
Beijos
Demasiado belo para não "perder"...
Beijos
Paulo
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