segunda-feira, dezembro 18, 2006
Canto de muro
A mário Quintana
Num canto de muro
o garoto chorava
num canto de muro
a Terra findava
num canto de muro
a noite pousava
crepúsculo sujo
de rua asfaltada.
Num canto de muro
nem Deus se encontrava
num canto de muro
blasfêmia gravada
num canto de muro
o diabo urinava
no chão sem futuro
da terra ensombrada.
Num canto de muro
o sol desmaiava
e a noite tranqüila
o solo ocupava
— a posse, tão fria
(terreno tão duro)
teu ângulo diedro,
parede, rachado.
Num canto de muro
esquina forçada
o mundo vivia
e o mundo acabava.
Num canto de muro
a sombra vazia
prepara o futuro
da nova cidade.
Fernando Py
Foto:Maury Perseval
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5 comentários:
Tocante, este poema, Wind!!! Uma belíssima escolha, em tempo de balanço /talvez)...
Beijinho grande
olá olá
sabes...tinha saudades destas tuas lições de poesia...este é lindo
beijocas
Bonitas palavras e a música também. Já a tinha ouvido e lido o que se escreveu, a propósito, no Port Croft mas nunca consegui lá comentar o que quer que fosse :O( )
Bom dia e boa semana
Gostei muito! Não ando a visitar assiduamente. Beijos.
Não conhecia e gostei de ler.
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