quinta-feira, dezembro 21, 2006

Poetas Escolhidos VII –Poema ("Visto" pelos próprios)



Liberdade

O poema é
A Liberdade.

Um poema não se programa
Porém a disciplina
-Sílaba por sílaba–
O acompanha.

Sílaba por sílaba
O poema emerge
-Como se os deuses o dessem
O fazemos.

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas", pág.38, Edições Caminho

Voz

O poema perseguiu-o,
De onda em onda.
Por isso se não calou
A voz do mar.

Manuel Filipe, in "Poemas de Manuel Filipe", pág.117, Edição Manuel Filipe

Ser

Mordo as palavras uma a uma
Sabem a coisa nenhuma.
Letras gastas,
Versos sem rima,
Inodoros e sem cor.
Ah…Ter nas palavras a força
Que têm os mestres,
Fazer da poesia manifesto
Ou fazer com a poesia amor…
Seria conquistar o mundo sem dar um passo,
Ter dos pássaros as asas e a liberdade,
Dos homens todas as vozes
E da eternidade provar o sabor.

Encandescente, in "Palavras Mutantes", pág.42, Edições Polvo

O Orgulho

Por vezes no poema
Desperdiçamos tudo
E fica apenas

Uma terrível faca de silêncio

Um muro

Uma sebe de sede que defende
A fome do ódio puro.

José Carlos Ary dos Santos, in "Obra Poética", pág.251, Edições Avante

PS:Atrevi-me a ganhar coragem, (porque já o tenho feito mas não edito), tirei um verso de cada poema e deu isto:

Uma terrível faca do silêncio
Seria conquistar o mundo sem dar um passo
De onda em onda
A Liberdade.

Foto:Alexander Sanin

A Fatyly fez o seguinte:

Sílaba por sílaba
de onda em onda
fazer da poesia manifesto
o poema perseguiu-o!

inodoros e sem cor, a fome do ódio puro
seria como conquistar o mundo sem dar um passo
A voz do mar, uma sebe de sede que defende
por isso não se calou, o poema... é LIBERDADE!

5 comentários:

mfc disse...

... e a tua súmula faz juz aos poemas!

Maria_Oliveira disse...

Passei, li-te e deixo um grande beijinho de BOAS FESTAS, simpática Wind ;)

www.remoinhos.blogspot.com

Maria Carvalho disse...

Boas escolhas, sempre! E cada palavra tirada, deu um bonito poema!! Beijos.

Fatyly disse...

Linda sequência e também fiz isto:):)

Sílaba por sílaba
de onde em onda
fazer da poesia manifesto
o poema perseguiu-o!

inodoros e sem cor, a fome do ódio puro
seria como conquistar o mundo sem dar um passo
A voz do mar, uma sebe de sede que defende
por isso não se calou, o poema... é LIBERDADE!

Beijocas

Fatyly disse...

mais uma vez Obrigado*************