terça-feira, janeiro 01, 2008

Rotina



Era quase sempre madrugada quando, trôpego, retornava, adivinhando
caminhos e estrelas. A bem da verdade, perdia-se, às vezes. Já batera em
porta errada, dormira em banco de praça, acordara na calçada, abraçado
ao cachorro do vizinho. Mas, quase sempre, chegava são e salvo. Subia as
escadas, abria a porta sem ruído, tirava os sapatos, e entrava, pé ante
pé, na casa adormecida. Em silêncio. Para não despertar a solidão.

Márcia Maia

Foto:Viesturs Links

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Ninguém gosta da solidão imposta (rimei, mas sem intenção.)Isto é a minha opinião. Beijos.

Fatyly disse...

Comovente e a foto é mais que expressiva!

Beijocas

António disse...

Bonito texto.