quinta-feira, janeiro 10, 2008

Soneto



Lábios
que encontram outros lábios
num meio de caminho, como peregrinos
interrompendo a devoção, nem pobres
nem sábios numa embriaguez sem vinho:

que silêncio os entontece quando
de súbito se tocam e, cegos ainda,
procuram a saída que o olhar esquece
num murmúrio de vagos segredos?

É de tarde, na melancolia turva
dos poentes, ouvindo um tocar de sinos
escorrer sob o azul dos céus quentes,
que essa imagem desce de agosto, ou
setembro, e se enrola sem desgosto
no chão obscuro desse amor que lembro.

Nuno Júdice

Foto:Haleh Bryan

3 comentários:

papagueno disse...

Olá Wind, regressando aos poucos à bllogosfera passei só para deixar um beijinho e também agradecer o apoio.

Fatyly disse...

Um relembrar marcante. Gostei muito!

Beijos

Paula Raposo disse...

Sensual! Lindo!