quinta-feira, janeiro 03, 2008
Destruição
Os amantes se amam cruelmente
e com se amaram tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
Carlos Drummond de Andrade
Foto:Joanna Kustra
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3 comentários:
Belíssimo poema!! Tão certo doer eternamente...
Urra... muito bom mesmo... sou viciado em Carlos Drummond...
Esse cara é show! simplismente... belo poema.
Não conhecia e sinceramente não gosto deste poema:(
Beijocas
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