domingo, janeiro 27, 2008

Quando partimos e acenamos junto ao rio



Quando partimos e acenamos junto ao rio
quando o barqueiro alcança a outra margem
quando respiramos o perfume dos campos em flor
na outra margem

o dia amanhece e nenhum baixio
nenhum barco e nenhuma jangada
não vagueiam pela água
não movem nenhuns montes
não separam nenhumas águas
não escurecem o dia
e nenhuns animais dão companhia
noutro lugar

para lá ou para cima e para baixo
para longe daqui
entrar na água ela leva-nos
quando nadamos e mergulhamos
seguindo peixes que nos conduzem
para lá para cima ou para baixo

Barqueiro e tu rio
aproximai-vos
agarrai-me
deixai-me ir para o outro lado
o bilhete
o preço
pago pela palavra
por uma palavra
pago
à letra

Eva Christina Zeller

Foto:Niko Guido

1 comentário:

Fatyly disse...

A foto é lindissima e o poema fez-me lembrar uma frase de uma canção: se querer ir embora VaiiiiIIIIaaaiii:)

Triste, muito triste!

Beijocas