domingo, janeiro 27, 2008
Sonetos que não são
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
Hilda Hilst
Foto:Yuri Bonder
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3 comentários:
Hummm, tenho estado a puxar pela cabeça e creio que este poema não conhecia mesmo. Gostei .
beijinhos, resto de um bom Domingo
Wind,
Belo soneto! Que tenhas uma boa semana.
Beijinhos.
O papel da outra que sendo outra não deixa de ter a sua dignidade sentida.
Não conhecia e gostei muito!
Beijocas
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