segunda-feira, janeiro 21, 2008

Rotina



A angústia cola-se ao corpo
Como se fosse pele.
E o corpo torna-se errante,
Erróneo e estrangeiro.
As horas arrastam-se,
E o tempo é certeza
Que vivendo o dia,
Não o vivi inteiro.
Há a vontade da partida,
De despir a angústia,
De abandonar o corpo.
E voltar a um tempo que não me lembro.
Ou partir,
E esquecer quem fui.

Encandescente, in"Bestiário", pág.26, Edições Polvo

Foto:Elena Vasilieva

3 comentários:

peciscas disse...

Ás vezes, é assim.
A angústia parece ser uma segunda pele.
A nossa Encandescente, continua a saber dizer as coisas.

Paula Raposo disse...

E a rotina nos mata um pouco, lentamente...

papagueno disse...

E custa a despir a pele da angústia. Como sempre bem ilustrado.
Bjks