terça-feira, junho 12, 2007

Resposta à Emile



A guerra daqui não mata - mas abre fissuras
Nos nervos - é o que te posso dizer
Deste país que escolhi para definhar

A cidade é um amontoado de lixo de tapumes
De sucata e de casas que se desmoronam
A realidade estragou os olhos das crianças

No fim do corpo em que me escondo espalhou-se
A treva onde
Guardo a corola azulínea de tua ausência

E o marulho nítido de um mar que canta
E um calor sísmico nos lábios que beijaste

É - me difícil continuar a escrever-te
O que me destrói - sei que estou fodido
E tu já não és meu

Preparo-me para entreabrir os olhos e
Deixar escorrer a convulsão oleosa das lágrimas
E das coisas tristes.

Al Berto

Foto:Konrad Gös

3 comentários:

Paula Raposo disse...

A desilusão...

.....e Capricórnia sou eu!!! disse...

Wind,

vim deixar um grande besso miuda mais que gira....e um abraço forte!

Excelente poema, excelente escolha musical......ja não ouvia isto á imenso tempo!Obrigada por este momento!

:)

Special K disse...

Sabes que amanhã faz 10 anos que ele morreu? é uma bela homenagem.
beijinhos.