sexta-feira, junho 08, 2007

No silêncio da terra



No silêncio da terra.Onde ser é estar.
A sombra se inclina.
Habito dentro da grande pedra de água e sol.
Respiro sem o saber,respiro a terra.
Um intervalo de suavidade ardente e longa.
Sem adormecer no sono verde.
Afundo-me,sereno,
flor ou folha sobre folha abrindo-se,
respirando-me,flectindo-me
no intervalo aberto.Não sei se principio.
Um rosto se desfaz,um sabor ao fundo
da água ou da terra,
o fogo único consumindo em ar.
Eis o lugar em que o centro se abre
ou a lisa permanência clara,
abandono igual ao puro ombro
em que nada se diz
e no silêncio se une a boca ao espaço.
Pedra harmoniosa
do abrigo simples,
lúcido,unido,silencioso umbigo
do ar.

o teu corpo
renasce
à flor da terra.
Tudo principia.

António Ramos Rosa

Foto:Oleg Kosyrew

7 comentários:

mfc disse...

Continuas a dar-nos outra facetas do silêncio...

Cristina disse...

Um bom fim de semana, wind

beijinhus
:)

Fatyly disse...

Mais um grande momento de leitura e lá mais abaixo...Parabéns a Manuel Filipe.

Tenho tido dificuldades em aceder ao teu blogue, mas hoje está tudo nos conformes.

Beijos

Paula Raposo disse...

Ramos Rosa sempre belo!

papagueno disse...

Mais um silêncio do amor.
Lindo!
beijocas

PintoRibeiro disse...

Bom fim de semana Isabel. Bjinho. Fica mesmo bem.

achama / Sonia R. disse...

Um dos meus poetas preferidos. Um beijinho Isabel e bom fim de semana.