quarta-feira, junho 06, 2007
Desespero
Não eram meus os olhos que te olharam
Nem este corpo exausto que despi
Nem os lábios sedentos que poisaram
No mais secreto do que existe em ti.
Não eram meus os dedos que tocaram
Tua falsa beleza, em que não vi
Mais que os vícios que um dia me geraram
E me perseguem desde que nasci.
Não fui eu que te quis. E não sou eu
Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto,
Possesso desta raiva que me deu
A grande solidão que de ti espero.
A voz com que te chamo é o desencanto
E o espermen que te dou, o desespero.
Ary dos Santos
Foto:Konrad Gös
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5 comentários:
O Ary era um poeta genial.
E não era só o poeta das mais belas canções da língua portuguesa.
Mais do que tudo, ele respirava versos.
Incomentável Ary! A força imensa das palavras. Beijos.
Genial mesmo, um dos meus poemas favoritos do Ary.
Jinhos
desculpa, esqueci-me de dizer que adorei a foto ;)
Jinhos
Uma força imensa!
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